terça-feira, agosto 28, 2007

Crónica da ronda da Areosa 26.08.07

Mais uma noite de Verão, de calor. Juntamo-nos em frente à Igreja de Nossa Senhora de Fátima para reforçar e preparar sacos. Partimos com o Sr. Z. em direcção a casa da S. Aí, a Marta e eu ficámos a conversar com a D. A., sempre cansada de tanto trabalho e muito preocupada com as obras da cozinha nova. Apareceu o M. e lá fomos brincar, cócegas, gargalhadas, portas a bater e trapalhadas. O M. já nos conhece bem e chama pelo nome para a brincadeira. É tão bom! O Pedro tinha que tinha ido com o Sr. Z. para casa da S. chegou a avisar que estava na hora de trocar de posto. Em casa da S. também estava o Sr. A., bem disposto como sempre. Pintaram-se as unhas à S. e conversou-se sobre a semana que passou. Tentámos convencê-la a ir falar com a D. A., mas ainda não foi desta, diz que está magoada. Queremos muito que passe rápido!

Deixámos o Sr. Z. à porta de casa com o já habitual abraço de grupo e partimos para o prédio. Não estavam tantos como esperávamos, tinham ido arrumar carros para o Dragão. Demos café, conversámos um bocadinho, entregámos sacos e ficámos sozinhos com o Sr. A como na semana anterior. Continuou a contar-nos a sua vida, falta escrever o livro. Tem sido difícil deixá-lo, gosta muito de conversar, só mesmo sabendo que ainda há outras pessoas à nossa espera…

Seguimos em direcção à I., que ainda não cortou o cabelo, prometeu ser esta semana, será que é desta? O Sr. M. tinha acabado de se deitar, tinha ido passar a tarde a Espinho. Em conversa ficámos a saber que viveu lá 7 anos, antes de ir para a rua. Conversámos, brincámos e divertimo-nos com as piadas habituais. Que bom vê-lo bem disposto! Queremos vê-lo sempre assim…

Olhámos para o relógio, era hora de voltar e deixar descansar…

Já só falta uma semana para o nosso próximo encontro. Até lá…


Um beijinho e boa semana,

Maria Manuel

terça-feira, agosto 21, 2007

Crónica de 19 de Agosto (Boavista)

Estávamos bastantes no arranque e a Maria Manuel abriu a nossa partida com um pedaço do Principezinho, no seu diálogo com a raposa e como só cativamos quando damos tempo e atenção ao outro. "Só assim aquele menino deixou de ser igual a 100 mil outros meninos."
Partimos os 3 homens do percurso. O Sr. R não estava pela 2ª semana, apareceu lá uma pessoa tb a querer ajudá-lo e deixar-lhe uma ajuda, falamos um pouco com ela. Felizmente anda por aí muito bem no mundo mas não faz manchete e é escondido. Como o anormal é que vende, estas coisas andam por aí totalmente desapercebidas, como as sementes.
A D. F estava contente, foi à consulta e os diabetes só estavam a 300's. Tem uma nova cadelinha a juntar ao Leão. Falamos do filho, de que vai a Lisboa no próximo mês e no péssimo estado em que está o "estaminé" em todos os sentidos. Sem complacências dissemos-lhe que tem de dar uma volta àquilo ou deverá começar a ter problemas com os vizinhos... Apareceu lá um larápio de antenas de carros e ela acertou-lhe com um paralelo na perna! O V não estava lá.
Em seguida encontramos no Montepio o S. Z, estava a dormir por isso a conversa foi curta, deixamos-lhe ficar um casaco pois tinha frio (e eu que andei meses com roupa no carro), não tinhamos cobertores disponíveis (talvez precisemos de uma chave de fora do Creu?) e mais tarde deixamos-lhe um par de sapatilhas 43. Combinamos com ele que íamos pedir aos Médico do Mundo para passarem por lá, o que já fizemos. No dia 10 ele volta a ir para a pensão.
O sucesso da noite foi o frisumo de ananás do Rui que todos os que visitamos repetiram e gostaram.
O S. G estava muito falador com as "ligações com lá em cima" e "deitar as más energias ao mar", etc. Já foi à Caritas e ele já recebeu comida através deles e vai continuar a lá ir. Conseguimos criar mais um laço de ajuda.
Não encontramos o R e falamos com o S, que estava com bom aspecto, a conversa foi breve.
Estivemos com a P, tem uma consulta no CAT Oriental dia 4, estava animada e com muita esperança, já não "ia lá abaixo", o V estava mais abaixo na rua.
Deixamos saco com o JP e começamos a considerar deixar de o fazer pois o saco não está a ajudá-lo.
Não vimos o nosso barbudo S. A. Na saída do shopping encontramos o Sr. A, deu-nos a boa notícia que deverá arranjar quem pague os problemas com a EDP, de resto estava fino, apesar de pensar demasiado no futuro.
Partilhamos a boa noite e partimos para uma semana de trabalho.
Jorge

PS - Hoje percebi que a nossa P está cada vez mais a perder alento e a oportunidade que teve...

Crónica da ronda de 19/08/2007 (6º trajecto)

A falta de viatura obrigou-nos a abrir a ronda a uma participação especial do namorado da Maria João que simpaticamente nos conduziu pela noite.
Na primeira paragem não estava o Sr. V, apenas uns cobertores. Encontrámos antes o sr. J que desconheciamos. Tinha vindo de Lisboa mas fora assaltado em S. Bento. Perguntei-lhe se um bilhete de volta era o suficiente para sair da rua. Disse que sim, que em Lisboa tem casa e família, e emprego à espera. Marquei com ele um encontro no dia seguinte - ao qual acabou por faltar.
Voltámos a não encontrar ninguém na ponte, apenas cobertores e um gato dormindo em cima...
Junto ao Hospital encontrámos o sr. JA, estava de pé a arrumar roupa. Estava muito bem disposto, "hoje sim não posso dizer que esteja mal!", repetia aliviado. Conversou imenso, contou-nos por exemplo que, apesar de ter já pago uma mensalidade do quarto ainda dorme ali, a sua "casa" dos últimos 2 anos. Sente-se acarinhado pelos vizinhos e acha que eles mesmas vão sentir um vazio se deixar aquele espaço.
O grupo que visitámos a seguir estava animado como é habitual. O E voltou à base depois de uma complicada convivência com a D. B. Contou-nos do início dos seus treinos de boxe, e de uma grande sardinhada que o amigo D lhes ofereceu. Também os outros estavam bem dispostos.
Seguimos, mas já não falámos com mais ninguém. O A dormia profundamente quando lá chegámos e não vimos o JA nos semáforos - o que pode ser sinal de que já não consome.
E assim acabava "a ronda da noite", uma entre tantas, única como todas.

terça-feira, agosto 14, 2007

Crónica da ronda de 12/08/2007 (Batalha)

Tratava-se de uma noite de Verão... Éramos poucos, mas demorámos muito... No início o desafio da Carla: Confiemos mais em nós mesmos e arrisquemos! Eu arrisquei: Fui ao Aleixo.

Na Ronda da Batalha só estava a Manela. Fui eu com ela. Partimos à procura de um sem-abrigo que ainda não tinham conseguido contactar: Tem estado sempre a dormir. A caminho passámos por outro que também dormia e não acordou. Estava "ruborizadíssimo". Chegámos, então, ao sr. F. Bem disposto, como ultimamente, recebeu-nos com um sorriso. A equipa tinha juntado e comprado roupa e sapatos para ele. O sr. F. passa o ano muito agasalhado. Sempre com, pelo menos, dois casacos. Agradeceu muito, tudo!

Seguiu-se o sr. D. Também bem disposto e no local do costume. Apreciou muito uns almendrados que levávamos. Estava muito sonolento, apesar do constante e ruidoso movimento da rua.

Faltava o sr. J. O sr. J., agora, está instalado numa loja em obras, cujo proprietário faleceu, com a companheira. Prepara-se para erguer umas paredes de tijolo, para dividir o espaço e proteger melhor do frio, no Inverno. Fantástico. O ser humano adapta-se mesmo a tudo.

Dirigimo-nos para o Aleixo. O cenário terrífico de sempre. Esperámos pelos do 6º Trajecto que nos trouxessem os sacos que lhes sobraram e arrancámos sozinhos, já que os d'"A Ronda dos Sem-Abrigo" ainda não tinham chegado. Lá distribuímos os sacos com pastéis e água. E foi com muito critério que fechámos a mala do carro, nos despedimos e nos fomos embora.

Beijos, abraços e boas semanas,

Nuno de Sacadura Botte

Crónica da ronda de 12/08/2007 (Boavista)

Uma vez que a D. F foi dar um passeio dominical, a ronda começou com uma visita ao Sr. Z. É impressionante a capacidade que este homem tem de nos surpreender. Desta vez ficamos a saber que foi jogador federado de basquetebol no FCP e que teve como treinadores as duas primeiras vedetas americanas a actuar em Portugal.
Devido ao grande número de pessoas que não estavam no lugar do costume (Sr. R, Sr. G e R), parámos apenas no Bom Sucesso onde estivemos a falar um pouco mais do que é habitual com a P. A boa notícia é que ela já trocou a heroína pela metadona há algumas semanas, a má notícia é que ainda não conseguiu largar a coca. De qualquer forma, já foi positivo ela ter aberto um pouco mais o jogo connosco...
Seguimos para o Shopping onde costuma estar o Sr. A e ficámos por lá um bom bocado a pôr a conversa em dia. A última visita da noite foi na Constituição, no abrigo do Sr. R, mas uma vez que ele não estava, limitámo-nos a deixar-lhe o saco que nos restava.

Boa semana

Sérgio Costa

Crónica da ronda de 05/08/2007 (Boavista)

Nesta noite, ao contrário do habitual, iniciámos a ronda no Bom Sucesso. A D. F faz anos hoje e por isso queremos deixar essa visita para o fim.
Logo na primeira paragem, abro a boca de espanto quando me dizem que aquela mulher relativamente bem lavada e apresentada é a M. Não a via há mais de um mês e nesse último encontro o cenário não foi agradável. Toda suja e com péssimo aspecto, a M estava de gatas numa paragem de autocarro, a apanhar do chão pontas de cigarro. Hoje, depois de umas semanas de metadona, banhos e roupas lavadas, só com algum esforço a consigo identificar. Aproveitamos a paragem para falar com a P e com o ZC, partindo depois para a Avenida da Boavista. Lá estava o R, cada vez mais magro e mais tristonho, fazendo-nos lembrar as inúmeras vezes em que parecia certa a primeira visita ao CAT, para no final sobrar apenas a frustração. Mais à frente apareceu o Sr. G e um rapaz de Coimbra que nunca tínhamos visto e a quem demos um saco de comida.
Seguiu-se a habitual visita ao Sr. A e terminámos a noite a dar os parabéns à D. F, que adorou as 2 saias que lhe oferecemos e que não conseguia esconder a felicidade por nos termos lembrado do seu dia de aniversário.

Sérgio Costa

quinta-feira, agosto 09, 2007

Crónica da ronda de 05/08/2007 (Areosa)

Finalmente de regresso, já livre de trabalhos e exames e findo o campo de férias que fui animar (e que foi lindo!) cheguei à nossa oração um nadinha atrasada! (desculpem!) e, foi grande e bonita a minha surpresa quando percebi que estávamos 5, quase completos! As saudades eram mesmo muitas!

Partimos, Nuno, Tiago, Pedrocas, Maria e eu, com o sr. Z. (lindo como sempre!) rumo à casa da S.. Estava um amor, de branquinho e rosa, como as princesas e com cheirinho de Verão. Foi tão bonito vê-la! Está tão crescida e tão mais consciente da realidade e da situação dela. Foi mesmo bom ouvi-la dizer que se sentia melhor, menos confusa, mais feliz… que o mundo, para ela voltava aos pouquinhos a ser claro e mais bonito!
Lembramos momentos marcantes da nossa amizade … o inicio, o pic-nic que fizemos, a pintura da casa dela, as idas à Missa em comunidade… e, com clareza foi lembrando cada uma das pessoas que passaram, e, ao seu jeito mudaram um pequeno pormenor na vida dela… a Maria João, a Márcia, a Benedita, a Joaninha, o Daniel… onde quer que estejam: Obrigada!
Foi mesmo especial…

Partimos rumo à Casa Abandonada, e só encontrei caras novas: senhores já com alguma idade, sozinhos, na rua… fazem-me ainda alguma confusão estas histórias … agradeceram o café, as bolachinhas, o café com leite (que acabou logo ali!). Ficou prometido um próximo encontro, que espero que levante mais um pouquinho do véu que esconde um passado que dói e que ainda se faz sentir…

Já na Areosa, encontramos o sr.M.! Pareceu-nos magoado, mas não nos quis mostrar o pezinho L E, por tal, não veio dar o passeio habitual de Verão, mas estava todo engraçado: disse 1.355 mil vezes que as mulheres eram umas chatas e que ninguém as atura, arranjou-nos uns casamentos, deu umas risadas, fez-se feliz e deixou-nos felizes também! É um amor aquele sr.M.!
Entretanto veio ter connosco o sr.R., enquanto fomos ao jardim ter com o J., que estava já a dormir. Entregamos o saquinho a ambos, e, depois de fazermos o sr.M. prometer que ia fazer o penso à Cruz Vermelha e ver como estava o seu pé, fomos ao encontro da I.
Não a encontramos em nenhum dos locais habituais, o que nos deixou preocupados… resta-nos rezar e confiar que esteja bem!

Fica também uma oração especial pela Aninha, que está em Rabo de Peixe a fazer felizes os meninos de lá. Esperamos que estejam todos bem e com Jesus. E, como não podia deixar de ser, um abraço apertado a cada uma das pessoas que a S. lembrou na noite de hoje com tanto amor. Marcaram-nos a todos… continuam nossos!


Xiiiiiiiiiiiiiiiii-coração apertado,
Andreia Gil

segunda-feira, agosto 06, 2007

Crónica da ronda de 15/07/2007 (Boavista)

Olá a todos!
Apesar de já termos visto entre a equipa os tópicos das várias pessoas que visitamos no passado dia 15 de Julho, não tinha chegado a escrever a crónica desse dia. Sendo assim, aqui vai:

Antes do encontro inicial com oração, passei no restaurante onde a P. trabalha para saber novidades dela. Cheguei lá, estava numa azáfama muito grande porque ia sair dali a nada. Tinha um encontro marcado com um amigo (“ não é nada do que está a pensar, é só uma pessoa com quem eu gosto de conversar!”..) Pediu para passar lá durante a semana, que aí falaríamos com mais calma.
Depois de ela sair, a Inês falou comigo, da situação da P. que está cada vez pior.
Continua a dar dinheiro ao P., não sobrando nada p ela, ficando até sem nenhum para ir ao CAT tomar a metadona. É incrível como ela se prejudica em função dele… chegou mesmo a sair do programa do METAS. Continua tb a chegar tarde ao restaurante… Claro que a paciência e benevolência deles se está a esgotar. Qualquer dia mandam-na embora, já não falta muito. O pior de tu não é isso, mas sim ela, por perder emprego e não ter junto dinheiro nenhum, perder a guarda das filhas…
Esperemos que melhor dias venham…!
Seguidamente juntei-me ao grupo no nosso ponto de encontro habitual e, aí, depois de recolhidos todos os sacos, seguimos para a D.F.
Ela não estava, tinha ido a Lisboa, estava apenas o Sr. V., a dormir com o seu fiel amigo, o “leão”, no colchão daquela “casa” improvisada. Tentámos não acordá-la, se bem que abriu os olhos e balbuciou qualquer coisa imperceptível...
Assim, descemos a Rua da Constituição, na esperança de encontrarmos o Sr. Z., mas em vão. Não o vimos por aquelas zonas. Esperamos encontrá-lo em breve!
Seguimos um pouco + à frente, para o Sr. R. Estava cheio de dores de costas, tinha caído de um muro no dia anterior, quase não se mexia. Tem também um problema na próstata, que está a ser seguido. Ficámos de falar com os médicos do mundo para eles lá passarem no dia seguinte.
Saímos daquela zona da cidade, e fomos de encontro ao Sr. G, na Av. B., que lá estava bem-disposto e, como sempre, com a sua conversa de receitas naturais miraculosas…! Despedimo-nos dele com um sorriso e subimos a Av. em busca do R.. Mas ele não estava por ali… Ficámos cheios de pena pois, mais uma vez, íamos tentar levá-lo nessa semana a entrar p metadona.
No Bom Sucesso, avistámos o J.P., mas demos só o saco porque já dormia.
Por ali não estava mais nenhum dos nossos amigos das noites de domingo e então entrámos no shopping à procura do Sr. A. Estava antes cá fora, na rua. Contou-nos cheio de alegria, que o outro filho está prestes a começar a trabalhar! Foi muito bom saber já que este assunto era uma constante preocupação de um pai que, até há muito pouco tempo, tinha 2 filhos de 30 anos em casa, sem nunca terem trabalhado! Agora parece estar tudo encaminhado!
Enquanto ali falávamos, a M. passou por nós. Foi óptimo vê-la. Perguntou logo pela Benedita! Falámos um pouco da sua situação – continua na metadona, mas anda muito por aquela zona e não devia porque é uma tentação. Também nos disse que soube que tinha SIDA, o que a deixou desconsolada…. O que dizer nestas alturas? Que aproveite a vida ao máximo e que divulgue aos outros para que tenham muito cuidado!... Ficámos de tentar arranjar-lhe um quarto.

Com isto, chegámos ao CREU, onde rezámos por cada um deles em particular.
Um bjo a todos de boa semana,

Ana Barbosa de Carvalho.